Números 20
O povo se queixa da falta de água e coloca a culpa em Moisés.
É impressionante como todo ser humano é assim! Sempre queremos um
culpado para as coisas ruins que nos acontecem.
Foi assim desde o Éden. A serpente tenta, Eva peca, induz seu marido a
pecar também, mas na hora de assumir a culpa, Adão põe a culpa em Eva, mesmo
tendo ele também pecado, Eva põe a culpa na serpente e o resto da humanidade
põe a culpa em Deus, afinal, foi Ele quem criou a serpente, mesmo sabendo que
ela iria tentar o homem. Foi Ele quem criou o homem, mesmo sabendo que ele ia
trazer o pecado ao mundo.
Então, a culpa é de Deus!
A culpa é sempre de Deus!
Não há lugar para Deus nos jornais, nas revistas, na tv, na sociedade,
nas igrejas..., mas quando acontece qualquer tragédia, a culpa é de Deus que
tem todo o poder e não fez nada para impedir.
Especialmente nesse caso, incrivelmente, os israelitas não colocaram a
culpa em Deus, mas no representante de Deus na terra, a saber: Moisés.
Ninguém, porém, admitiu sua própria culpa; seu próprio pecado.
A culpa é sempre do outro, nunca é minha culpa. Sou bom demais para ser
culpado.
Nessa passagem das Escrituras, vemos que o povo israelita se achava bom
demais para estar passando pelo que estava passando.
O ser humano tem essa tendência maluca de achar que Deus lhe deve alguma
coisa e quase nunca para pra pensar que nós é que devemos tudo a Deus.
Até o fôlego da vida devemos a Ele.
Ele não nos deve nada, nem é obrigado a nada.
No livro de Deuteronômio 32:4 está escrito que Ele é a rocha, então, se
unirmos essa passagem a passagem de Números 20 entenderemos que aquela rocha
que foi ferida no deserto era a representação de Deus.
A rocha sendo ferida e suprindo a necessidade de água, foi tão somente sombra
do Cristo de Deus.
Jesus, o Filho de Deus é a pedra de tropeço, a rocha de escândalo
(Romanos 9:33).
Números 20:10-13 diz que estavam todos diante da rocha, ali o povo
contendeu com o Senhor.
Deus se colocou a si mesmo no banco dos réus.
Ele é a rocha e foi ferido por causa das nossas transgressões, dos
nossos queixumes e pecados.
Mas Dele saiu água da vida e quem beber dessa água jamais voltará a ter
sede.
Nessa passagem, Deus nos mostra as sombras do futuro.
Por causa de nossos pecados, da nossa incapacidade de reconhecer um erro
e de achar que Deus é o culpado porque somos orgulhosos demais para admitirmos
um erro, Ele foi ferido.
Não havia culpa Nele, mas nós o condenamos.
Nós gritamos a sentença: "CULPADO".
Aquele que diz não ter culpa nenhuma na morte de Cristo, certamente não
entendeu o significado da graça.
A Sua morte foi a nossa morte.
Ele não morreu por mim, mas Ele morreu a minha morte.
Eu era culpado, não Ele.
Quando consigo entender que a culpa do mundo está como está é minha;
quando admito que a cruz que Jesus enfrentou deveria ser minha e que eu sou
culpado e não Ele, então, começo a entender o significado da graça.
Não pode existir salvação sem o reconhecimento da culpa.
Se não sou culpado; se sou bonzinho, não mereço ser punido e consequentemente
não preciso do sacrifício de Jesus.
Mas quando reconheço minha própria miséria, quando reconheço que a culpa
é minha, que a cruz deveria ser minha, então, começo a entender o significado
do sacrifício do Cristo.
E começo a entender que Sua morte na verdade foi a minha morte.
E morrendo com Ele, com Ele também ressuscito para viver uma nova vida
com Deus.